Em clima de Copa América, um texto que foi escrito sob a inspiração da trágica Copa do Mundo de 2006.
Paixão Brasileira
Terça-feira, 13 de Junho de 2006, o momento mais esperado por 180 milhões de pessoas e mais as admiradoras do futebol arte, o futebol sobrenatural, o futebol mágico, enfim, o futebol brasileiro. Desde as primeiras horas do dia pode-se ver por toda a parte - nas motos, carros, ônibus, trens, metrô, bares, restaurantes, ruas - o verde e o amarelo substituindo ou sendo disfarçado pelo típico terno e gravata, ou pelo simples uniforme usado por qualquer trabalhador.
Ansiedade. Essa é a palavra que define a sensação de cada brasileiro. Ansiedade pelo espetáculo que certamente acontecerá, pela primeira batalha por um título. Isso mesmo, batalha, pois a Copa do Mundo é uma guerra na qual todos querem nos derrotar, os mais fortes, os artistas da bola, a alegria do futebol. Por isso, o povo se mobiliza nessa hora, serão 180 milhões defendendo com Dida, atacando com o quarteto mágico, marcando com o Émerson. 180 milhões de técnicos - pensando de forma diferente – incentivando o time, sofrendo com os reservas.Ansiedade chegando ao fim, as ruas voltam a ficar movimentadas, todos indo assistir ao jogo, o Brasil vai parando para poder entrar em campo com a seleção e se tornar a “pátria de chuteiras” e por um breve momento, a cada 4 anos esquece-se de tudo – corrupção, irresponsabilidade do governo para com a população ao não conceder educação de qualidade, saúde e outras coisas mais.
São 4 horas da tarde. As ruas estão vazias, não se vê ninguém na rua, o jogo começa e a ansiedade cede lugar à apreensão. O jogo começa e a seleção na consegue fazer a bola rolar, o quarteto parece que na foi apresentado à bola, parece jogar um futebol quadrado, a bola queima em seus pés e a desconfiança brasileira volta à tona junto com a impaciência típica de quem esperava um espetáculo. O primeiro tempo vai chegando ao fim, mas antes do árbitro decretar o fim, Cafu rola a bola para Kaká, o menos badalado do quarteto, que de perna esquerda acerta um lindo chute, estufando as redes do gol e fazendo ecoar o grito de gol em todo o país – de Leste a Oeste, do Chuí ao Oiapoque – com o som e buzinas, cornetas e apitos ao fundo, junto com bandeiras tremulando. O apito de fim do primeiro tempo faz o alívio com um misto de alegria e felicidade tomar o lugar da apreensão e deixa o torcedor esperançoso de uma vitória fácil. No entanto o segundo tempo guardava mais emoções. O torcedor fica impaciente com a seleção e teme o pior, mas quando é decretado o final do jogo a alegria se mistura com a desconfiança e a esperança de que no próximo jogo a mágica se faça presente e os deuses do futebol estejam do nosso lado. A noite vai caindo, crianças vão jogando bola em campinhos, ou até mesmo na rua, tentando imitar as jogadas mágicas de nossos craques e ficam se imaginando como futuros jogadores - e por que não? – enquanto adultos ficam discutindo erros e acertos da equipe, o que melhorar para o próximo jogo, enfim o Brasil está de volta no clima da Copa depois de quatro anos de espera.