terça-feira, 10 de julho de 2007

Paixão Brasileira



Em clima de Copa América, um texto que foi escrito sob a inspiração da trágica Copa do Mundo de 2006.



Paixão Brasileira

Terça-feira, 13 de Junho de 2006, o momento mais esperado por 180 milhões de pessoas e mais as admiradoras do futebol arte, o futebol sobrenatural, o futebol mágico, enfim, o futebol brasileiro. Desde as primeiras horas do dia pode-se ver por toda a parte - nas motos, carros, ônibus, trens, metrô, bares, restaurantes, ruas - o verde e o amarelo substituindo ou sendo disfarçado pelo típico terno e gravata, ou pelo simples uniforme usado por qualquer trabalhador.

Ansiedade. Essa é a palavra que define a sensação de cada brasileiro. Ansiedade pelo espetáculo que certamente acontecerá, pela primeira batalha por um título. Isso mesmo, batalha, pois a Copa do Mundo é uma guerra na qual todos querem nos derrotar, os mais fortes, os artistas da bola, a alegria do futebol. Por isso, o povo se mobiliza nessa hora, serão 180 milhões defendendo com Dida, atacando com o quarteto mágico, marcando com o Émerson. 180 milhões de técnicos - pensando de forma diferente – incentivando o time, sofrendo com os reservas.Ansiedade chegando ao fim, as ruas voltam a ficar movimentadas, todos indo assistir ao jogo, o Brasil vai parando para poder entrar em campo com a seleção e se tornar a “pátria de chuteiras” e por um breve momento, a cada 4 anos esquece-se de tudo – corrupção, irresponsabilidade do governo para com a população ao não conceder educação de qualidade, saúde e outras coisas mais.

São 4 horas da tarde. As ruas estão vazias, não se vê ninguém na rua, o jogo começa e a ansiedade cede lugar à apreensão. O jogo começa e a seleção na consegue fazer a bola rolar, o quarteto parece que na foi apresentado à bola, parece jogar um futebol quadrado, a bola queima em seus pés e a desconfiança brasileira volta à tona junto com a impaciência típica de quem esperava um espetáculo. O primeiro tempo vai chegando ao fim, mas antes do árbitro decretar o fim, Cafu rola a bola para Kaká, o menos badalado do quarteto, que de perna esquerda acerta um lindo chute, estufando as redes do gol e fazendo ecoar o grito de gol em todo o país – de Leste a Oeste, do Chuí ao Oiapoque – com o som e buzinas, cornetas e apitos ao fundo, junto com bandeiras tremulando. O apito de fim do primeiro tempo faz o alívio com um misto de alegria e felicidade tomar o lugar da apreensão e deixa o torcedor esperançoso de uma vitória fácil. No entanto o segundo tempo guardava mais emoções. O torcedor fica impaciente com a seleção e teme o pior, mas quando é decretado o final do jogo a alegria se mistura com a desconfiança e a esperança de que no próximo jogo a mágica se faça presente e os deuses do futebol estejam do nosso lado. A noite vai caindo, crianças vão jogando bola em campinhos, ou até mesmo na rua, tentando imitar as jogadas mágicas de nossos craques e ficam se imaginando como futuros jogadores - e por que não? – enquanto adultos ficam discutindo erros e acertos da equipe, o que melhorar para o próximo jogo, enfim o Brasil está de volta no clima da Copa depois de quatro anos de espera.

sábado, 7 de julho de 2007

Profissões


Uma reflexão sobre as profissões e o ofício de escritor. Há uma luz no fim do túnel, na esperança de que nasçam novos escritores!

Profissões
Quando todos nós somos crianças e nos perguntam o que queremos ser quando crescer, as respostas não variam muito, permanecendo sempre em círculo que gira em torno de médico, bombeiro, policial, advogado e, claro, jogador de futebol – afinal, estamos no país da bola! Apesar de serem profissões distintas, as causas são muito similares, o que torna curioso as escolhas.

Se perguntado o motivo de querer se tornar médico, a criança responderá que adoraria salvar vidas, reduzir o sofrimento de muitos e ajudar os mais necessitados, ou, poderá, também sofrer influência de algum familiar que fora bem sucedido na profissão e serviu de exemplo. A resposta do futuro bombeiro não difere muito da do médico, a não ser quando o bombeiro tem o sonho de ser o herói da nação ao se arriscar em missões perigosíssimas para salvar, às vezes, um gato de estimação que se encontra estático perante o fogo ameaçador que incendeia sua casa. Atualmente, o futuro policial é movido por uma soma de revolta com indignação dentro do coração, devido à impunidade reinante na sociedade, atrocidades cometidas de Norte a Sul do país. O futuro policial pensa, utopicamente, que pode acabar com os criminosos para que as pessoas vivam em perfeita harmonia e paz.

O futuro advogado age pelos mesmos sentimentos existentes no policial, mas acha que terá mais poder – mudar a lei, torna-la mais severa e que se cumpra. Os futuros policial e advogado formam uma espécie de super-heróis da atualidade, que se acham imbatíveis e querem mudar o mundo.

No extremo oposto, há o jogador de futebol, que pensa mais em si do que naqueles que lhe cercam – salvo algumas exceções. Pensa em ser famoso, ganhar muito dinheiro, jogar na Europa, no Real Madrid, no Barcelona, no Chelsea, no Milan, vestir a amarelinha, ser campeão do mundo, marcar mil goles, ser herói de sua torcida e algoz dos adversários Em todas as respostas há uma realidade triste, mas também há algo de animador. Triste, porque ninguém disse que gostaria de ser escritor ou poeta, talvez por acharem que um poeta não salva vidas, não prende ninguém, não julga ninguém, não é ídolo de uma grande massa, ou tão pouco marca mil gols. Mas um poeta, também salva vidas com suas palavras, ameniza o sofrimento de muitos, tem o poder de reatar relacionamentos amorosos com suas palavras, pode, também, opinar qual a melhor forma de punir os criminosos. Marcar mil goles não é possível, mas é possível escrever mil textos. Ainda bem que ninguém escolheu ser político...